Minha Primeira Travessia
Aproveitando o feriado de Tiradentes, 21 de abril de 2022, um grupo de montanhistas do GPM realizou a clássica travessia entre os municípios fluminenses de Petrópolis e Teresópolis. Idealizado em 2019, foi necessário postergar a realização da travessia por dois anos em função da pandemia.
Este seleto grupo enfrentou os 24 km de sobe e desce da travessia com muita garra, união e resiliência. Em particular, Luciano Shinkawa, instrutor do GPM e sua filha de 14 anos, Annie Shinkawa, estreitaram os laços familiares para enfrentarem as adversidades ao longo da travessia de três dias.
Segue relato pessoal da Annie no segundo dia.
Estava no camping, o dia tinha amanhecido, foi uma noite difícil, houve tempestades de areia toda a madrugada, a barraca não era confortável e muito menos silenciosa, desmontá-la foi difícil, mal dava para dobrá-la com o vento. Comi uma barrinha e tomei café em uma caneca improvisada, guardamos nossas coisas e começamos o segundo dia da travessia.
Estava ventando realmente muito e a trilha não começou tão bem, havia uma grande pedra lisa, todo aquele vento não ajudou e tivemos que parar por um tempo, mas ele não cessou e devagar fomos até o fim, onde o baixo mato amenizava um pouco da forte ventania, desviamos da trilha 4 km até os portais de Hércules, um lugar muito bonito com uma vista linda, gostei de vê-lo, mas esse desvio deixou o dia muito mais cansativo.
Continuamos e era quase uma trilha de rochas, era muito difícil andar, as pedras eram íngremes, quase escalava. Chegamos ao elevador, uma escada de ferro, presa à parede de pedra, foi difícil subir, seus degraus eram muito espaçados, finalmente chegamos a uma placa, muito decepcionante, havíamos andado apenas 3,5 km desde o camping, na subida sempre achamos que andamos mais.
Paramos para o almoço, comi alguns amendoins, uma barrinha e duas bisnaguinhas, quando fazemos exercícios sentimos menos fome do que deveríamos, depois disso descemos um pouco, foi menos cansativo que a subida, mas não foi mais fácil, logo depois voltamos a subir e precisamos de cordas em alguns trechos mais difíceis, a este ponto já havia parado de pensar quando chegaríamos ou se estamos perto, apenas continuei andando, neste dia não pensei em desistir, como pensei no primeiro, talvez porque agora fosse mais fácil chegar do que voltar, mas me senti bem fazendo isso, às vezes claro me questionava o motivo, mas me diverti muito. Chegamos ao abrigo quando já estava escuro, precisamos de lanternas no final, montamos a barraca, jantamos e tentaria novamente dormir.